Conheça dona Sueli: vendedora de churros há 27 anos em Petrópolis
Ela é uma das mais tradicionais vendedoras de churros na cidade, com ponto fixo na Rua Marechal Deodoro
Há mais de 30 anos a subida da Rua Marechal Deodoro é, para a petropolitana Sueli Penha da Silva, sinônimo também de uma ascensão pessoal. Quando deu início ao próprio negócio, ela enfrentava uma separação e o desafio de criar as duas filhas pequenas sozinha. Nesta edição da série de Personalidades Petropolitanas, conheça a história da dona Sueli, que com a venda de churros conquistou amizades, uma clientela fiel e a própria independência.
Foto: Carolina Freitas
Dizem que é em meio aos momentos mais desafiadores que se descobre a verdadeira força, e dona Sueli é prova disso. Após se separar do marido e frente à necessidade de cuidar de suas duas filhas com, à época, 4 e 7 anos, ela conta que viu na oportunidade de trabalhar por conta própria a maneira ideal de lidar tanto com os negócios e o sustento da família, quanto com os cuidados com as meninas, já que não queria deixá-las com ninguém.
“Antes de vir para a barraquinha eu dava banho e almoço para elas, e depois levava na escola. Já maiores elas vinham ficar aqui comigo. Criei as duas na barraca”. Sem esconder o orgulho em tê-las criado com base no próprio esforço, a petropolitana explica que a caminhada no comércio demandou persistência e, principalmente, muita disciplina, independente do tamanho do empreendimento.
Fotos: Carolina Freitas
“Tem que se esforçar. Como toda loja, a gente é um pequeno empresário e não é porque é um trailer que você vai relaxar. Tem que cumprir horário, não pode faltar”. Fonte de independência, a venda na carrocinha também simbolizou novos horizontes e possibilidades para a família. Afinal, dona Sueli sempre disse às filhas que gostaria que elas se formassem e escrevessem as próprias histórias. E assim elas fizeram.
“Uma das minhas filhas fez faculdade de Letras e de Direito, e a outra se especializou em cabelos e virou cabeleireira”, diz com satisfação. E não é porque não obteve diploma que a comerciante também não tem prestígio. Com uma freguesia fiel conquistada ao longo das últimas décadas, ela recebe clientes do Rio, de Magé e de Teresópolis que se referem a ela como uma artista, tamanho o talento para a produção de churros.
Com a massa leve e bem sequinhos, os churros são feitos a partir de uma receita que, há 27 anos, é utilizada pela dona Sueli, mas que ela mesma afirma se resumir somente a trigo. Atenta ao mercado e à concorrência, a empreendedora, com o passar dos anos, ampliou a gama de sabores oferecidos, indo hoje do tradicional doce de leite às opções gourmet, além da venda também de açaí nas estações mais quentes.
Foto: Carolina Freitas
Convicta de que “cada um faz o próprio freguês”, dona Sueli trabalhou na carrocinha com a venda de tapiocas ao longo de seis anos para, somente então, se especializar nos churros. Hoje, ela é acompanhada pela neta, Bianca Dias, que desde que passou a trabalhar com a avó, viu a admiração por ela crescer. Aluna de um curso de cabeleireira, ela pretende seguir os passos da mãe e, por que não, enquanto isso aprender também os da matriarca da família.
“Cheguei aqui sem saber nada. Para fritar um churros era um medo, atender era outro nervoso. Depois fui tirando de letra, mas minha avó deu duro mesmo e hoje todos sempre procuram por ela. Quando não está, como aconteceu na pandemia, perguntam se aconteceu alguma coisa, se a receita ainda é a dela e por aí vai. Acostumaram com ela sempre aqui”, detalha Bianca.
Fotos: Carolina Freitas
Símbolo de novos começos e do prazer que existe em ver uma intenção e projeto prosperarem, a barraquinha de dona Sueli, chamada de Churros Império, é, sem dúvida, resultado de anos de dedicação e carinho. O ponto de venda fica bem na subida da Rua Marechal Deodoro e pode ser acompanhado pela página @churrosimperio3. Ela e a neta, que trabalham como mini churros para festa, recebem encomendas pelo WhatsApp (24) 99300-1130.
Veja também:
- [Personalidades Petropolitanas] Conheça a história de quem vende pipoca há 36 anos em Petrópolis
- [PersonalidadesPetropolitanas] Conheça a história de Sr Pedro, que vende notas e moedas antigas há quase 40 anos
- [Personalidades Petropolitanas] Conheça a história do “seu” Nonô: o corredor que inspira por onde passa
- [Personalidades Petropolitanas] Conheça a história do Amaral: jornaleiro de 70 anos que, há 50 deles, se dedica à banca
- [Personalidades Petropolitanas] Conheça o vendedor de cuscuz que se tornou marca registrada no Itamarati e Corrêas
- [Personalidades petropolitanas] Saiba quem é a joaninha motociclista que esbanja simpatia pelas ruas de Petrópolis