Indicada a prêmio em Portugal, tese de arquiteto petropolitano propõe propostas para redução de desastres
Entre elas está a implementação de postes pré-fabricados de iluminação urbana que mudariam a cor da luz de acordo com o grau de intensidade da ocorrência de chuvas e que emitiriam também o som das sirenes para facilitar o alerta
As fotos comprovam: foi na infância que o petropolitano Pedro Henrique Penalva teve o interesse despertado pelo planejamento urbano. Arquiteto e Urbanista, ele explica que já na juventude se dedicava a propor soluções para Petrópolis. Indicado ao Prêmio Archiprix 2021 por sua tese de Mestrado em Arquitetura pela Universidade do Porto, Pedro fez da 24 de Maio seu estudo de caso dois anos antes da tragédia que afetou a região.
Nas imagens, Pedro em meio às obras de reurbanização do Centro Histórico de Petrópolis. Fotos: Divulgação
Interessado na função social da profissão, Pedro soube, logo que decidiu cursar o Mestrado, que relacionaria o estudo ao planejamento urbano para a redução de desastres. Com a parte teórica pautada por uma pesquisa sobre o papel da arquitetura na materialização de políticas públicas, coube à parte prática tratar da prevenção de riscos em Petrópolis a partir de propostas para o desenvolvimento de Unidades de Proteção Comunitária nos bairros.
“Planejei um projeto que costuma se chamar ‘construído de baixo para cima’ e não imposto. Com ele teríamos um envolvimento da própria comunidade, laços seriam criados e uma relação de pertencimento também. Esse projeto tem potencial para ajudar a preservar vidas, reduzir os impactos de eventos climáticos extremos e também atuar como vetor cultural, de educação, exercício da cidadania e emancipação social nas comunidades”, pontua.
Unidades de uso social e com funcionalidades múltiplas
Segundo levantamento realizado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, mais de 80% das construções no país são feitas sem assessoria ou acompanhamento técnico. Com base nisso, o petropolitano propõe em seu trabalho, entre outras ações, um sistema de construção com materiais de fácil acesso para que as Unidades de Proteção atuem como laboratórios com ensino prático para maior capacitação da autoconstrução aos moradores.
“Ali os técnicos poderiam mostrar soluções mais econômicas e de menor uso de carbono, como aproveitar melhor os materiais e intervir no terreno de maneira mais segura. Isso contribuiria para mostrar na prática formas de execução de sistemas de drenagem, ajuste de talude e fundações. Um ensino que pode ser o diferencial pra evitar uma tragédia”, detalha o arquiteto.
Foto: Divulgação
Em seu estudo ele trata, ainda, dos referidos espaços enquanto extensões de uma função comunitária ampla. Dessa forma, as bases sediariam ações de saúde da família e comunitária; atividades lúdicas, culturais e de lazer; reforço escolar e, nos dias de chuva, para ajudar na mobilização, dar o alerta, direcionar a evacuação de áreas de risco, e em alguns casos, atuariam como ponto de apoio para moradores.
Com diferentes escalas, tamanhos e possibilidades, Pedro ressalta que o projeto é adaptável aos terrenos, demandas das comunidades e riscos geomorfológicos envolvidos. “Podem ser do módulo mínimo que tem o tamanho de uma banca de jornal a chegar a ter três pisos. Na minha dissertação reúno diferentes combinações, todas elas simuladas na 24 de maio”.
Para se (re)pensar os alertas no contexto urbano
Um dos destaques da tese de Pedro, sem dúvida, gira em torno de postes pré-fabricados de iluminação urbana que atuariam em conjunto com os alertas emitidos pela Defesa Civil. De rápida implementação, eles preveem a mudança na cor da luz para o verde/amarelo/vermelho de acordo com cada característica de risco durante a ocorrência de chuvas. No poste haveria, ainda, um sistema de som interligado às sirenes.
Foto: Agência Brasil
“No topo do poste, sobre a iluminação urbana na cor normal, teriam luzes de alto desempenho nas cores equivalentes a cada nível de alerta. Um problema comum é a população não ouvir a sirene pelas mais diferentes causas. Mas se, cada poste de iluminação urbana tiver esse sistema, a sirene tocaria ao lado das residências dos moradores. E, o mais importante, a disposição desses postes nas ruas seguiria a rota de fuga desenhada pela própria comunidade”.
Soluções pré-fabricadas
Foto: Divulgação
Hoje atuante em um escritório de arquitetura em Portugal que desenvolve soluções pré-fabricadas e modulares para equipamentos públicos e residenciais, Pedro tem traçado planos que possam agilizar a construção habitacional em Petrópolis. Junto à equipe com que trabalha, foi constatado que o modelo é capaz de agilizar em até cinco vezes o processo se comparado ao método convencional de construção.
Já em desenvolvimento, seu projeto de doutorado pretende tratar da arquitetura como ferramenta para redução de riscos em meio às mudanças climáticas em conjunto com a comunidade petropolitana. Aqueles que desejarem ler sua dissertação de mestrado, podem o fazer clicando aqui. Já os interessados em ouvir a fundo suas ideias para se repensar o planejamento urbano em Petrópolis podem estabelecer contato pelo e-mail pedrohpenalva@gmail.com
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