Saiba como se tornar um doador de órgãos e como funciona este processo em Petrópolis
Brasil é o segundo maior transplantador do mundo. Em Petrópolis, o Hospital Santa Teresa, em parceria com a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante, é referência no atendimento a pacientes
Matéria atualizada às 16h47 do dia 24 de setembro de 2024
Nesta sexta-feira (27), é comemorado o Dia Nacional da Doação de Órgãos. O Brasil é referência mundial, sendo o segundo maior transplantador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, de acordo com o Ministério da Saúde. A Sou separou algumas informações sobre como ser um doador.
Doador vivo
Existem dois tipos de doadores. Um deles é o doador vivo, que pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula ou parte dos pulmões.
Para doar órgão em vida, o médico deverá avaliar a história clínica do doador e as doenças prévias. Pela legislação, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores. A doação de órgãos de pessoas vivas que não são parentes só acontece mediante autorização judicial.
Foto: Freepik
Doador falecido
Já o doador falecido, com diagnóstico de morte encefálica (vítimas de traumatismo craniano, ou AVC, derrame cerebral, anóxia, etc), ou com morte causada por parada cardiorrespiratória (parada cardíaca), pode doar órgãos como: rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado e intestino; e tecidos: córneas, válvulas, ossos, músculos, tendões, pele, cartilagem, medula óssea, sangue do cordão umbilical, veias e artérias.
É importante falar para a família que deseja ser um doador de órgãos, para que, após a morte, os familiares possam autorizar a doação e retirada dos órgãos e tecidos. No Brasil, a doação só é realizada após a autorização familiar.
Para saber mais sobre o assunto, confira esta sessão no site do Ministério da Saúde.
Captação de órgãos em Petrópolis
O Hospital Santa Teresa (HST), em parceria com a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott), é referência no atendimento a pacientes com sintomas neurológicos em Petrópolis e enfrenta desafios diários para promover a conscientização sobre a doação de órgãos, melhorar o processo de identificação de potenciais doadores e obter autorizações familiares.
Por isso, o coordenador da Cihdott, Carlos Carneiro, respsonde como funciona a captação de órgãos em Petrópolis.
Foto: Divulgação
Quais são os principais desafios da Cihdott na doação de órgãos?*
Carlos Carneiro: “A menor efetivação da doação está relacionada à taxa de não autorização familiar. O principal desafio é acolher as famílias dos potenciais doadores, explicando o processo do diagnóstico de morte encefálica. Muitas vezes, as negativas ocorrem por receio ou desinformação”.
Como a Cihdott promove a conscientização sobre a doação de órgãos?*
CC: “Através de capacitações oferecidas pela central estadual de transplantes, seja de forma presencial ou por educação a distância. Além disso, participamos anualmente de eventos promovidos pelo RJ Transplantes, como o encontro das CIHDOTTs do RJ e a homenagem às famílias doadoras”.
Quais critérios são usados para identificar potenciais doadores?
CC: “Antes da confirmação de morte encefálica, muitos pacientes já se apresentam em condição de ‘morte encefálica iminente’. As principais causas dessa condição são o traumatismo cranioencefálico (TCE) e o acidente vascular encefálico (AVE), que somam 84% de todos os potenciais doadores.
Como a Cihdott atua em parceria com o Hospital Santa Teresa?
CC:“A Cihdott é uma das várias comissões do hospital. Composta por uma equipe multiprofissional, lidamos com muita dedicação e responsabilidade nos casos de morte encefálica”.
Como a Cihdott aborda as famílias de potenciais doadores?
CC: “A abordagem é feita com muito profissionalismo e respeito à decisão familiar, independente do resultado favorável ou não para a doação. Nosso foco é prestar assistência adequada e oferecer suporte emocional em um momento de dor”.
Como é feito o processo de obtenção de autorização das famílias para doação?
CC: “Entrevistas familiares são conduzidas por profissionais capacitados, como psicólogos e enfermeiros. Utilizamos técnicas de comunicação de notícias difíceis e acolhimento humanizado. Quando a família decide pela doação, é preenchido e assinado o termo de autorização”.
Qual é o papel do hospital na preparação dos órgãos para doação?
CC: “O hospital fornece toda a estrutura necessária para a captação dos órgãos, incluindo salas cirúrgicas equipadas e recursos humanos capacitados, além de manter uma comunicação eficiente com a central de transplantes”.
Qual é a importância do mês de conscientização da doação de órgãos?
CC: “É uma oportunidade de despertar a consciência de que podemos dar uma nova chance de vida para outras pessoas. O transplante de órgãos pode ser a única esperança de vida para muitos e, para nós, é uma forma de continuar vivendo após a morte.”
Há novas iniciativas da Cihdott para melhorar a doação de órgãos?
CC: “Promovemos palestras em escolas, cursos técnicos e faculdades todos os anos, buscando disseminar conhecimento e sensibilizar a população para aumentar o número de doadores. Essa dedicação diária da Cihdott, em colaboração com o Hospital Santa Teresa, é fundamental para garantir que mais vidas sejam salvas através da doação de órgãos no Brasil”.