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Acervo com mais de 40 mil documentos do Centro Alceu Amoroso Lima é tombado pela Prefeitura de Petrópolis

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Acervo com mais de 40 mil documentos do Centro Alceu Amoroso Lima é tombado pela Prefeitura de Petrópolis

Decreto foi assinado pelo prefeito Rubens Bomtempo nesta sexta-feira (13). Arquivo – bibliográfico e iconográfico – é considerado o mais completo sobre a história do século 20 no Brasil

Os acervos bibliográficos e iconográficos reunidos no Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade (CAALL) foram tombados pela Prefeitura de Petrópolis. O decreto foi assinado pelo prefeito Rubens Bomtempo nesta sexta-feira (13). O arquivo possui mais de 40 mil documentos e é considerado o mais completo sobre a história do século 20 no Brasil.

Foto: Oscar Liberal

A assinatura do decreto ocorreu no mesmo dia em que o teólogo, Leonardo Boff, fez o lançamento do seu novo livro: “O pescador ambicioso e o peixe encantado” no CAALL. Durante a assinatura estiveram presentes também a diretora executiva da Casa de Petrópolis, Rachel Wider, e a chefe de gabinete da Prefeitura, Luciane Bomtempo, além da diretora do CAALL, Maria Helena Arrochelas.

“Este tombamento é muito importante não só para o Centro Alceu, mas para a cidade como um todo. Esta foi uma decisão do município para preservar e apoiar os espaços culturais da cidade. E é uma vitória para gente”, diz Maria Helena Arrochelas, diretora do CAALL.

Foto: Oscar Liberal

Para Maria Helena, o tombamento desse acervo, que reúne documentos do período de de 1908 a 1984, significa uma garantia concreta da permanência da casa e do acervo em Petrópolis.

Isso porque o Centro Alceu é ligado à Universidade Cândido Mendes (UCAM) e foi incluído em seu  plano de recuperação judicial, podendo ser vendido. A UCAM diz que, caso isso ocorra, o tombamento do imóvel será respeitado e todo acervo transferido para o prédio da instituição no Rio, a fim de preservar a herança cultural do Centro.

Foto: Divulgação

“Logo que foi levantada essa possibilidade de venda, tivemos muito apoio vindo de entidades em Petrópolis, assim como o CNBB e a Academia Brasileira de Letras. Em um tempo como o atual não pensei que fôssemos ter tanto apoio, mas fiquei surpresa e o Dr. Alceu sempre foi uma pessoa do diálogo. Não podemos perder esse espaço de memória, que não se restringe a Petrópolis, mas é uma marca de direitos humanos que extrapola o Brasil”, acrescenta Maria Helena.

Petição on-line

Uma petição on-line foi criada com o objetivo de coletar o máximo de assinaturas contra a venda do imóvel. Ao todo, 469 pessoas já assinaram o documento virtualmente.

“A perda do CAALL será um golpe na cultura e na área de pesquisa histórica não só de Petrópolis, mas do Brasil. Vamos lutar pelo legado de Cândido Mendes e Alceu Amoroso Lima! Não desmontem o Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade”, diz a petição.

Participação ativa na luta pela memória

Ao longo de sua trajetória, o espaço mantém participação ativa e apoio institucional fundamentais em iniciativas na luta pela Memória, Verdade, Justiça e Reparação em Petrópolis, cuja importância é de caráter nacional.

Entre 2015 e 2018, o CAALL teve participação fundamental na extinta Comissão Municipal da Verdade de Petrópolis e, atualmente, é ativo na luta do Grupo Pró-Memorial Casa da Morte de Petrópolis.

Sobre o CAALL

Entre os objetivos do CAALL está a preservação do legado de Alceu Amoroso Lima, através da organização e edição de seus escritos inéditos e reedição de suas obras; o patrocínio jurídico a manifestações que concorram para a conquista e o aperfeiçoamento dos direitos da pessoa humana.

Foto: Divulgação

O CAALL também tem como finalidade o estudo e a pesquisa sistemática de temas relativos à liberdade e à libertação, além da promoção de cursos, colóquios, seminários e debates que difundam a visão universalista de Alceu Amoroso Lima.

O local tem ainda uma contribuição essencial para a garantia dos direitos da população petropolitana, atuando junto aos conselhos municipais e outras instâncias e fóruns.

Quem foi Alceu Amoroso Lima?

Nascido em dezembro de 1893 no Rio de Janeiro, Alceu Amoroso Lima foi crítico literário, professor, pensador, jornalista, advogado, escritor e líder católico brasileiro, que chegou a morar em Petrópolis. Ele escreveu mais de 70 livros ao longo da vida. Atualmente, a casa onde viveu, situada na Mosela, é aberta à visitação.

Foto: Arquivo Público do Estado de São Paulo

No acervo em Petrópolis estão correspondências trocadas com Carlos Drummond de Andrade, Oswald de Andrade e Juscelino Kubitschek.

Com o golpe de Estado em 1964, Alceu Amoroso Lima tornou-se símbolo de resistência ao arbítrio do Estado à violência e tortura.

Entre as suas principais publicações estão: Introdução à Economia Moderna (1930), Preparação à Sociologia (1931), Problemas da burguesia (1932), Introdução ao direito moderno (1933), No limiar da Idade Nova (1935), O Espírito e o Mundo (1936), Idade, Sexo e Tempo (1938), Três ensaios sobre Machado de Assis (1941), O existencialismo (1951), A segunda revolução industrial (1961) e Memórias improvisadas (1973).

Em seus escritos, chegou a adotar o pseudônimo Tristão de Athayde. Em 1965, sua obra foi considerada para receber o prêmio Nobel de Literatura. O escritor morreu aos 89 anos, em 1983, em Petrópolis.

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