Venda de 35 ônibus durante pandemia está entre motivos do déficit no transporte público em Petrópolis
Empresas de ônibus alegam que houve queda de 75% da demanda de passageiros no período de maior confinamento. Já o município diz que mesmo após retomada das atividades, quantitativo não foi recomposto
A venda de 35 ônibus durante a pandemia foi apontada pelo município como um dos motivos que levaram a um déficit no transporte público em Petrópolis. De um lado, as empresas de ônibus alegam que houve queda de 75% da demanda de passageiros no período de maior confinamento. Já o município diz que mesmo após retomada das atividades neste ano, o quantitativo não foi recomposto.
Foto: Arquivo Sou Petrópolis
Segundo a Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes, a redução de 10% na operação do transporte público foi autorizada aos operadores pela gestão anterior do município no ano de 2021.
Já a atual gestão da CPTrans, disse que oficiou o Setranspetro, em 10 de março, solicitando o retorno de 100% das frotas de ônibus e de todas as linhas e horários para atendimento da população levando em conta, segundo o município, a necessidade urgente de utilização do transporte público para melhor fluidez do trânsito.
A CPTrans destaca ainda que uma ação civil pública permite que as empresas continuem operando de forma reduzida enquanto durar o estado de pandemia.
Com relação à venda dos ônibus, o Setranspetro disse que o procedimento foi autorizado pela CPTrans, tendo em vista a queda abrupta na demanda de passageiros. Atualmente, em recuperação lenta, a demanda está em 73,7%. Ou seja, segundo o Setranspetro, mais de 26% dos passageiros ainda não voltaram a utilizar o transporte público por ônibus no município.
O Setranspetro ressalta ainda que todas as regiões, sem exceção, são atendidas pelos ônibus e que as empresas seguem atentas e preparadas para qualquer eventual reforço, em caso de necessidade real e técnica. “Todas as linhas troncais e de grande circulação de pessoas estão operando com 100% da frota”, informou por meio de nota.
Reclamações
Com isso, reclamações dos passageiros de ônibus sobre ônibus lotados e poucos horários têm sido frequentes. “Ônibus 700 em horário de pico hiper lotados, difícil até para respirar!”, disse a passageira, Giovana Kraischer.
Já Thaís Silva comenta que os ônibus estão sempre atrasados: “Ônibus lotados, horas esperando, horas no trânsito parado todo santo dia, você reclama com a empresa e eles acham errado, ficam ofendidos”, afirma.
Enquanto Adriano da Rocha diz: “Péssimo serviço, ônibus velhos, lotados e em quantidade insuficiente”.
Sobre a questão dos ônibus da linha 700, a CPTrans disse à Sou Petrópolis que está em constante diálogo com a empresa Turp no sentido de restabelecer os serviços.
Já o Setranspetro pede informações detalhadas para que possa se posicionar sobre as queixas dos passageiros.
Mobilidade urbana
Com relação ao trânsito e aos atrasos, o Setranspetro diz que, desde a primeira catástrofe natural que atingiu o município, as empresas de ônibus estão encontrando dificuldades em cumprir as viagens no horário planejado.
De acordo com o Setranspetro, isso ocorre em razão da falta de mobilidade urbana, prejudicada ainda mais pelo fechamento das principais vias da cidade, como a Rua Washington Luiz, que afeta todo o Centro Histórico, impactando a operação dos coletivos, que ficam totalmente parados nos congestionamentos diariamente.
Somado a isso, dados do Serviço Nacional de Trânsito (Senatran), mostram que Petrópolis tem um carro para cada duas pessoas. A própria Prefeitura reconhece que o problema do trânsito foi agravado na cidade e atribui isso à volta das atividades presenciais neste ano.
Segundo o município, alternativas estão sendo estudadas para dar mais fluidez ao trânsito de Petrópolis. Uma delas foi a implantação do corredor exclusivo na Rua Washington Luiz.
Sobre os ônibus executivos
Os horários da linha 070 – Posse x Gaby (Executivo) diminuíram após a pandemia e não foram recompostos.
Por meio de nota, a Turp Transporte disse que não está detectando demanda suficiente no entrepico e aponta como alternativa os ônibus da linha 700 – Terminal Itaipava que, segundo o Setranspetro, opera em sua totalidade de frota, com frequência a cada 10 minutos nos horários de entrepico e partidas a cada sete minutos nos horários de pico.
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