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Um ano do SOS Serra: associação que começou em uma garagem já ajudou milhares de pessoas em Petrópolis

Petrópolis do bem

Um ano do SOS Serra: associação que começou em uma garagem já ajudou milhares de pessoas em Petrópolis

Em entrevista, fundadora do associação fala sobre os desafios e conquistas do SOS Serra, sobre as tragédias que assolaram a cidade e sobre planos para o futuro

Como uma start-up, a Associação SOS SERRA nasceu em uma garagem. Pequena, mas com o objetivo de gerar impacto positivo, para além das 3 paredes e da porta de metal.

Hoje, um ano depois, a Associação foi fundamental para ajudar centenas de pessoas desabrigadas pelas enchentes e deslizamentos em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro. Desde o dia 15 de fevereiro de 2022, a SOS SERRA doou mais de 80 toneladas de alimentos, fez a realocação de quase 50 famílias desabrigadas por chuvas para novas casas, fornecendo os itens essenciais para o reinício de uma vida.

Foto Divulgação SOS Serra

A garagem em questão era a da casa da designer Gisela Simas. Em abril de 2021, em plena pandemia, Gisela se uniu a parentes e a amigos para ajudar famílias vítimas da crise financeira provocada pelo coronavírus, distribuindo cestas básicas. Hoje, um ano depois, a Associação se tornou referência na ajuda humanitária na cidade.

Gisela Simas, fundadora do SOS Serra – Foto Divulgação SOS Serra

Ao completar um ano da Associação, entrevistamos a fundadora da SOS SERRA, Gisela Simas, para conhecer mais sobre o trabalho dessa petropolitana que vem unindo corações no Brasil todo.

Gisela, como nasceu a SOS SERRA?

Gisela Simas: Em abril do ano passado (2021), eu estava muito abalada com a pandemia, minha família tinha acabado de pegar o vírus, e mesmo depois que todos se curaram, eu não conseguia voltar ao normal. Era muito sofrimento à minha volta, no mundo todo. Então eu telefonei para uma amiga e ela me indicou assistir uma palestra que, resumindo, dizia: “a gente não tem ideia da força que temos se cada um fizer um pequeno movimento.” Eu realmente não tinha ideia, mas eu tinha uma enorme vontade de fazer algo. Aquilo foi a mola propulsora para o nascimento da SOS SERRA.

Foto Divulgação SOS Serra

E qual foi o primeiro passo para ajudar os outros que você deu?

GS: Eu telefonei para uma pessoa que visitava constantemente 25 famílias em áreas de grande vulnerabilidade social de Petrópolis, ajudando crianças. A Rafa foi quem me mostrou o primeiro caminho. Falei com parentes e amigos e em um fim de semana juntamos R$ 3.000 reais para a compra de cestas básicas. E assim começamos a ajudar famílias que corriam o risco de passar fome por causa da crise durante a pandemia. Ao todo, no ano passado, doamos mais de 20 toneladas de alimentos.

Foto: Divulgação

Quais foram os momentos mais marcantes neste primeiro ano de SOS SERRA?

GS: Foram sem dúvida os momentos em que vimos o poder da adesão das pessoas, a imensa vontade de ajudar. A pandemia trouxe uma infinidade de coisas ruins, mas também criou um terreno fértil para a solidariedade, seja de pessoas físicas, seja de grandes empresas – como a Ambev e a Alpargatas – que foram fundamentais em nosso primeiro ano de existência. Elas patrocinaram campanhas maravilhosas, em uma parceria que nunca vamos esquecer. Nós éramos uma associação muito pequena e esse apoio fez a gente ver que a gente podia ajudar muito mais pessoas.

De onde surgiu o slogan Unindo Corações?

GS: Essa frase veio da minha experiência pessoal. A minha mãe teve 8 filhos e a gente aprendeu que para resolver as nossas diferenças e crescer juntos era preciso exercitar o nosso amor. Dia após dia. Eu levei isso para a minha própria família – meu marido e meus 3 filhos – e hoje eu levo isso para a SOS SERRA. Eu acredito que todos que estão na associação entendem o poder de transformação da sociedade quando nós unimos corações.

Fotos: Arquivo/Sou Petrópolis

Em que momento a SOS SERRA está?

GS: No primeiro momento depois das chuvas de 15 de fevereiro e 20 de março, demos alimentos, água, produtos de higiene, limpeza, roupas, colchonetes, e tudo o que era emergencial para os desabrigados. Hoje estamos realocando famílias para suas novas casas e equipando-as com itens básicos, como geladeiras, fogões, camas, panelas, etc.

Você imaginava que a SOS SERRA tomasse a proporção que tomou?

GS: Nunca. Eu acho que a gente planta sementes sem esperar nada em troca, sem saber se aqueles pequenos grãos vão virar uma grande árvore ou não. E isso acontece com o amor e aconteceu com a SOS SERRA. A gente não esperava provocar esse impacto e por isso foi ainda mais emocionante. Eu só tenho a agradecer a cada um dos envolvidos.

Fotos: Arquivo/Sou Petrópolis

Como você vê a SOS SERRA passado esse momento emergencial de ajuda às vítimas das enchentes?

GS: A Associação está estudando como gerar um impacto ainda maior em Petrópolis, sempre com foco no desenvolvimento social. O momento é de observar a situação como um todo e aprender como dar os melhores passos para melhorar a qualidade de vida na cidade a longo prazo. Nós acreditamos que ajudando as pessoas, essas pessoas terminam por replicar esse espírito de solidariedade, de pensamento coletivo sobre o individual, levando isso a seus parentes, vizinhos e com isso conseguimos criar uma grande rede de transformação.

Fotos: Arquivo/Sou Petrópolis

Você tem algum ídolo(a), uma pessoa que te inspire a realizar esse trabalho?

GS: Eu sempre admirei muito meu pai e minha mãe como casal. Meu pai sempre trabalhou muito para sustentar os 8 filhos. Minha mãe foi uma fortaleza para nos prover tudo além do material. Tudo o que sou eu devo a ela. Existem outras duas mulheres que me inspiram muito: a Anna Penido, diretora executiva do Centro Lemann para Equidade na Educação, e a Luiza Helena Trajano, empresária à frente da holding Magazine Luiza, uma pessoa que valoriza, empodera a mulher e tem uma importância muito importante na sociedade brasileira.

Do que Petrópolis precisa?

GS: Essa pergunta é muito ampla, mas resumindo Petrópolis precisa de uma sociedade civil – e de um poder público – dispostos a revitalizar a cidade, dando valor a tudo o que temos e é tão mal explorado. Esse já seria um grande começo.

Fotos: Arquivo/Sou Petrópolis

O que a chuva poderia levar para sempre?

GS: A falta de união. O que acontece hoje na SOS SERRA prova que a união das pessoas faz toda a diferença. Temos que trabalhar com a cabeça erguida e acreditando no poder de Petrópolis, uma cidade única tanto em história quanto em beleza natural.

E o que os ventos deveriam trazer?

GS: Luz nos olhos das pessoas, para que elas enxerguem como são importantes para uma sociedade mais justa.

Fotos: Arquivo/Sou Petrópolis

Um resumo dos seus últimos 40 dias com essa imensa ajuda humanitária a Petrópolis:

GS: Aprendizado. Os últimos 40 dias foram um aprendizado imenso para mim e para todos os envolvidos na SOS SERRA.

E que presente você gostaria que a SOS SERRA ganhasse de aniversário de 1 ano?

GS: Eu gostaria que essa corrente do bem que criamos se espalhasse, criando outros movimentos do bem. Mas o melhor presente de um ano a SOS SERRA já ganhou: que é poder mostrar caminhos, fazer pontes e unir corações.

Voluntários SOS Serra – Foto Divulgação SOS Serra

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