Petropolitanos lançam documentário que conta a história das salas de cinema de Petrópolis
Intitulada Cinema é Drops, a produção pode ser conferida na íntegra pela internet como parte da programação da Mostra Cinemas do Brasil
Dotada de diferentes facetas, uma cidade é capaz de apresentar aos seus moradores diferentes lados de si mesma. Tudo depende da forma como o morador se relaciona com ela. No caso da Petrópolis cultural, um capítulo da história local que deixa saudades é aquele das memórias construídas dentro das salas de cinema. E foram elas que se tornaram tema do documentário produzido e lançado por petropolitanos, o “Cinema é Drops”.
Foto: Divulgação
Um dos projetos contemplados pela Lei Aldir Blanc no município, “Cinema é Drops” resgata a história do cinema em Petrópolis: das primeiras exibições às memórias dos frequentadores que, mais até do que as narrativas exibidas nas telas, se viam, dentro dos referidos ambientes, capazes de construir suas próprias histórias – hoje relembradas num misto de nostalgia e gratidão pelos dias passados.
De acordo com Aline Castella, pesquisadora e diretora responsável pelo documentário, o trabalho se mostrou um desafio durante o período de pandemia. Levando em consideração que “o filme é algo coletivo e que requer o encontro”, algumas adaptações precisaram ser feitas frente ao momento. Até porque, ainda que uma meta antiga, Aline não esperava executá-la num momento como esse.
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Assim, além de uma entrevista presencial com o professor e historiador Joaquim Eloy, a produção se pauta por relatos de ex-frequentadores das salas de cinema locais que, dadas às circunstâncias, gravaram e enviaram seus depoimentos pelo WhatsApp. Dotado de uma estética própria e reflexo da pandemia, o documentário reforça, assim, a capacidade de união provocada pela memória.
“Todos deram depoimentos muito apaixonados. É uma memória muito fresca dessa vivência no cinema, então tentamos fazer uma coletânea de experiências comuns, dentro dos depoimentos dessas pessoas. Tínhamos uma média de duas horas de depoimentos de áudio para selecionarmos e tentarmos tirar o sumo dessa experiência de ir ao cinema, entrar numa sala escura e assistir ao filme numa tela grande”.
Foto: Divulgação
Descrito por uma das entrevistadas como “uma Petrópolis que deixou de existir, mas que existiu de uma forma muito alegre”, resgatar a história do cinema em Petrópolis provocou nos envolvidos, justamente, uma sensação de felicidade e satisfação em não apenas reavivar, como levar a memória petropolitana para além da cidade. Afinal, o documentário foi selecionado para abrir a Mostra RECINE, no Estação NET Rio, em Botafogo, e a integrar a programação da Mostra Cinemas do Brasil.
Foto: Divulgação
“Diante de tanta dificuldade, poder lançar um filme no cinema é nossa maior satisfação. É coroar todos os desejos e satisfações possíveis. Essa produção vai além da história estabelecida. Alguns aspectos da cidade já têm o seu lugar ao Sol, mas outros, como é o caso da história do cinema, não são tão difundidos e explorados, então participar de festivais assim é saber que a memória petropolitana está sendo lançada no mundo”.
Aqueles interessados em conferir a produção na íntegra de maneira on-line podem acessá-la no link acima, como parte da Mostra Cinemas do Brasil, que nesta edição acontece não apenas pela internet, mas também de maneira presencial em diferentes espaços e cidades do Brasil, como no MAM, no Rio, e até em La Paz, na Bolívia.
Fazem parte do documentário “Cinema é Drops” Aline Castella, na direção, roteiro e pesquisa; Vinil Gabriel, na produção; Gregori Bastos, na direção de fotografia, edição e finalização; Mariana Rocha, como segunda câmera e still; Sirius Hu, no desenho de som; Natália Stadler como assistente de pesquisa e still; Miriam Nebaí na arte gráfica e Bianca Monteiro na legendagem.