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Petropolitanos se mobilizam para ajudar paraibano que pedalou 180 dias para chegar ao Rio e teve bicicleta roubada

Petrópolis do bem

Petropolitanos se mobilizam para ajudar paraibano que pedalou 180 dias para chegar ao Rio e teve bicicleta roubada

Wellington Santos tem 54 anos e é borracheiro. Agora, ele planeja a viagem de volta para João Pessoa que deve durar cerca de 6 meses

No início de 2021, o paraibano Wellington Santos, de 54 anos, decidiu realizar um sonho: o de conhecer o Rio de Janeiro.

Foto: Aline Rickly

Sempre quando via a capital carioca na TV os olhos enchiam de brilho. Foi então que preparou sua bicicleta, fez uma mala com barraca de camping e roupas e pegou a estrada.

A viagem de cerca de 2.400 km durou mais de 180 dias.

E foi quase na chegada ao destino que a história do paraibano se cruzou com a de um grupo de petropolitanos, que acabou virando sinônimo de acolhimento para o borracheiro de João Pessoa.

Na Posse, Wellington fez grandes amigos, como Ari Goulart de Oliveira, de 66 anos.

Ao parar no bar do comerciante ainda na ida para o Rio conseguiu um quarto para passar a noite e depois seguiu rumo ao seu sonho.

Sonho frustrado

Wellington disse que achava que teria mais oportunidades no Rio, mas se frustrou ao perceber que não era bem assim.

“Antes de acabar virando mais um morador de rua, decidi voltar para minha terra. Lá eu tenho casa, tenho minha família”, conta ele que é o filho mais velho de cinco irmãos e tem um filha.

Uma das frustrações no Rio foi que roubaram seu meio de transporte, a bicicleta, além do celular e cartão do banco.

Com isso, voltou a pé para a Posse. Um dia inteirinho subindo a Serra. Mais um dia de Petrópolis à Posse. “A estrada é perigosa. Não tem acostamento”.

Mas, ao chegar no quinto distrito reencontrou o amigo, Ari, contou sobre seu sonho frustrado e disse que precisava de uma bicicleta para voltar para casa.

Ele voltou a dormir no quartinho oferecido pelo comerciante. Ao lado do bar do Ari, consegue ainda fazer uns biscates como borracheiro.

Foi aí que conheceu o produtor rural, Alessandro Lima, que ajudou essa história a ter um desfecho mais feliz.

Gentileza gera gentileza

Alessandro tinha levado um quadriciclo do filho de 6 anos para consertar. Ao ver aquilo, Wellington logo se prontificou a ajudar.

Foto: Arquivo Pessoal Alessandro Lima

Na hora de pagar pelo serviço, Alessandro conta que o paraibano não quis receber, disse apenas que era um presente para o garoto.

Comovido com a simplicidade de Wellington, o produtor rural começou a conversar e, ao saber da sua história, acabou gravando um vídeo, que viralizou na internet, pedindo a ajuda que o borracheiro mais precisava: uma bicicleta para voltar para casa.

No mesmo dia, o empresário, Marco Felix da Cruz, doou a bicicleta para Wellington. “É bom a gente ajudar quem precisa”, conta o empresário.

Foto: Arquivo Pessoal Alessandro Lima

Já Wellington não escondeu a felicidade. “Fiquei tão animado que saiu até lágrimas nos olhos”, disse.

De volta para casa

Agora, ele está arrumando a mala. E pretende pegar a estrada de volta para casa até domingo.

“Valeu a pena a viagem. Com toda minha dificuldade realizei um sonho, mas agora o que quero mesmo é voltar para Paraíba”, afirmou.

Sobre as amizades que fez na cidade, ele disse:  “São amigos que eu não esqueço jamais. Vou sempre ficar em contato com eles. Não é todo mundo que faz isso que eles fizeram. Foi a primeira vez na vida que recebi uma ajuda assim. Gostei muito das pessoas daqui. São bem acolhedoras”.

Foto: Arquivo Pessoal Alessandro Lima

Já Alessandro fez questão de anotar os telefones de todos e deixar com o paraibano. “Queremos notícias dele quando chegar em casa. O bom mesmo seria se conseguíssêmos um celular para ele levar e ir nos atualizando sobre a viagem”, diz.

Enquanto Ari queria era que o amigo ficasse pela cidade. “Foi um parceiro que arrumei”.

Sobre a viagem de volta

Se tudo correr como planejado, até janeiro de 2022 Wellington está de volta à sua casa. Ele até recebeu ofertas de pessoas que queriam pagar passagem de avião ou ônibus, mas garantiu que quer voltar pedalando.

Por dia, ele vai percorrer cerca de 90 km. “Tenho minha barraca de camping onde passo a noite, geralmente, nos postos de gasolina. Por volta das 5h da manhã já saio pedalando”.

No caminho de volta deve passar por Minas Gerais, São Paulo, Alagoas, Bahia e Sergipe.

E depois disso, ele confessa: “Nunca mais quero andar para tão longe. Depois dessa viagem só pedalo até o Recife”, brinca.

Já quando quiser visitar os amigos petropolitanos, ele conta que vai planejar a viagem de ônibus.

Quanto a bicicleta que ganhou, ele revela que já tem destino para quando chegar na Paraíba: “Quero pendurar na parede de casa para lembrar dessa aventura e dos amigos que fiz”.

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