Aos 80 anos e curada da Covid-19, petropolitana é premiada por trabalho de aquarela em lenços de seda
São lenços que encantam e colorem por onde passam
Mesmo em dias ensolarados, às vezes a impressão que se tem é a de que, em tempos de Covid-19, os pensamentos tendem a ficar nublados dentro de cada um. Para garantir que seus dias permaneçam coloridos, a petropolitana Helena Maria Hampshire Pinheiro tem se dedicado à arte. Aos 80 anos e curada do coronavírus, ela não apenas pratica aquarela em seda, como foi reconhecida pelo trabalho pela Associações dos Embaixadores de Turismo do RJ.
Foto: Divulgação
Surpresa com a notícia do recebimento do Prêmio Yedda Maria Teixeira, Leninha, como é mais conhecida pelos amigos, explica que o gosto pelo segmento artístico, muito provavelmente, foi herdado de seu tataravô. Imigrante da Alemanha, ele fazia entalhes na madeira que, literalmente, ficaram para a história. Afinal, de acordo com a petropolitana, foi ele o responsável por ajudar a construir duas importantes edificações de Petrópolis.
“Meu tataravô construiu a Casa dos Sete Erros e ajudou também a construir o Palácio do Imperador”, diz Leninha, que teve seu primeiro contato com a arte ainda na adolescência. Do decapê à batik e a pintura a óleo, foi na pintura em seda que ela, realmente, se encontrou há mais de 20 anos. “É meio difícil, então deixei todos os outros trabalhos artísticos de lado para que eu pudesse me dedicar a ele”, conta.
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Pautado por dois processos, um em que as tintas se misturam e formam pinturas abstratas, e o outro em que, a partir da guta, Helena define o curso da tinta e demarca o desenho, a aquarela em seda lhe permite criar obras de arte que têm na vida sua principal passarela. São lenços em seda e até cangas que podem ser transformadas em vestidos que encantam e colorem por onde passam.
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Hoje com uma produção média de 10 a 12 lenços por mês, Leninha explica, contudo, que durante 2020 decidiu abrir mão de tudo aquilo que fosse rotina. Fez faxina nos armários, dedicou tempo a si mesma e, somente depois de meses, retomou a aquarela em seda. “Fiquei quase um ano sem pegar nela. Eu havia trabalhado muito no final do ano anterior, então decidi que só faria o que eu tivesse vontade”.
Motivada pelo grupo Arte Em Casa – que reúne obras feitas por artesãos locais que, como o próprio nome indica, dão asas ao imaginário de casa – Leninha decidiu retornar à arte. E ela se diz mais motivada do que nunca! Sobretudo agora com a notícia do prêmio. “Peguei a Covid-19 em outubro passado. Eu não senti nada, mas estava positivada. Dei um tempo na aquarela, mas com o grupo Arte em Casa voltei com mais vontade de trabalhar”.
E se na aquarela convencional é a tela branca que funciona como ponto de partida, é também somente sob o branco que Leninha opera. “Só pinto em tecido branco”, diz. Com infinitas possibilidades, é essa a parte favorita da petropolitana: a de misturar as tintas e tanto levar cor a tecidos neutros, quanto vida a dias em que, tal qual a obra-prima de seu trabalho, podem sair do nublado ao colorido em questão de segundos.
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A cerimônia de entrega do Prêmio Yedda Maria Teixeira acontece no dia 30 de maio, às 15 horas, no canal do YouTube dos Embaixadores do Turismo do Rio de Janeiro. Aqueles interessados em adquirir um dos lenços produzidos por Leninha podem fazer contato com o Grupo Arte Em Casa pelo Instagram (@grupoarteemcasa). Os lenços são entregues em lindas caixas de madeira confeccionadas pelo também artista AdriaNobre.