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Mulheres no comando: elas comandam a segurança da cidade e as próprias histórias

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Mulheres no comando: elas comandam a segurança da cidade e as próprias histórias

Pela 1ª vez Petrópolis tem quatro lideranças femininas nas forças de segurança pública

As quatro comandam a segurança de Petrópolis, mas se existe um outro aspecto que as une é o fato de que nenhuma delas, por mais irônico que seja, jamais optou pelo caminho mais seguro. Mulheres, elas almejaram – e conquistaram – cargos de liderança em segmentos, normalmente, ocupados por homens.

Foto: Arquivo/Sou Petrópolis

A partir de agora você conhece as histórias de Cláudia da Conceição, comandante da Guarda Civil Municipal; Karina Bronzo, secretária de serviços, segurança e ordem pública; Simone de Almeida Silva: tenente-coronel e comandante da Polícia Militar; e Dra Juliana Ziehe, delegada titular da 105ª Delegacia de Polícia.

Cláudia da Conceição: comandante da Guarda Civil Municipal

Foto: Arquivo/Sou Petrópolis

Guarda há 23 anos, Cláudia já foi doméstica, diarista, babysitter. Filha de doméstica e de auxiliar de serviços gerais, ela foi contra as probabilidades e escreveu o próprio destino. Primeira comandante mulher da Guarda Civil Municipal, Cláudia é uma das 14 mulheres dentro de uma instituição ocupada por mais de 190 homens.

“Quando tomei posse do subcomando, eu falei: estávamos invadindo um mundo masculino, um mundo só feito de homens, onde a gente chegou e teve que se impor. Nós ouvimos de tudo. Teve muita resistência. Ouvíamos que lugar de mulher é na cozinha, que não sabiam porque a mulher estava ali”.

Tendo tido que lidar com o enfrentamento masculino, Cláudia conta que graças ao apoio dado por outras mulheres, a começar por sua mãe, foi capaz de conquistar não apenas seu espaço, mas o respeito dos colegas. Ela foi nomeada subcomandante em 2018 e, esse ano, comandante. A primeira mulher a ocupar ambos os cargos.

“As mulheres ainda sofrem com preconceito, mas hoje a gente tem mais força. Uma dá a mão para outra e se fortalece”. Mãe de dois filhos – uma menina de 18 anos e um rapaz de 29 – Claudia passou a ser vista como inspiração por colegas dos filhos, que agora a têm como referência de mãe e profissional.

Karina Bronzo: secretária de serviços, segurança e ordem pública

Foto: Arquivo/Sou Petrópolis

Formada em direito com MBA em Finanças Públicas, Karina já foi diretora de administração e finanças, coordenadora administrativa e financeira e, em 2019, secretária de serviços, segurança e ordem pública. Ela fala sobre o desafio proporcionado pelo cargo que, a exemplo de Cláudia, ainda não havia sido ocupado por uma mulher.

“Eu jamais imaginei assumir um posto tão importante e, ao mesmo tempo, difícil de conduzir, porque é uma pasta gigante. Foi uma surpresa que abracei e que tenho buscado conduzir da melhor maneira possível com a ajuda da Guarda e com a integração das forças de segurança. Sem isso seria mais difícil para nós”.

Atuante, há 23 anos, no ramo de administração pública, Karina também trabalha com mais homens do que mulheres. “Só pela guarda você vê que há mais homens do que mulheres, mas fui super respeitada. Eles me acolheram e me ajudam mais do que nunca, mas, realmente, trabalhamos mais com homens do que com mulheres”.

Simone de Almeida Silva: tenente-coronel e comandante da Polícia Militar

Foto: Arquivo/Sou Petrópolis

Simone sempre sonhou em se tornar militar. Tenente-coronel e primeira comandante mulher da história da Polícia Militar de Petrópolis, pode-se dizer que ela já realizou duas de suas grandes ambições: entrar para a corporação e comandar Petrópolis. Carioca, Simone cultiva uma relação de carinho e comprometimento de mais de dez anos com a cidade.

“Trabalhei em Petrópolis de 2001 a 2010 como aspirante a capitão. Fui pro Rio, tive meu filho, e fiquei nas unidades da capital. Dei meu jeito de continuar com a minha carreira. Esse ano, durante a pandemia, assumi o comando do 26º BPM. Como mulher e como primeira, existe aquela vontade em fazer dar certo”.

Incentivada pela mãe, desde cedo, a ser independente, abandonar a carreira depois do nascimento do filho nem nunca foi opção para Simone. Ela fala sobre as preocupações vividas enquanto mulher no comando e destaca a importância do apoio existente entre as lideranças femininas dentro da segurança pública.

“Sou a única comandante do meu comando intermediário, então tenho sempre a preocupação de não dar motivo para que digam que algo não saiu como planejado porque é mulher no comando. São alguns tabus que a gente precisa tirar. É se erguer e erguer a outra em prol da comunidade e das instituições que a gente representa”.

Dra Juliana Ziehe: delegada titular da 105ª Delegacia de Polícia

Foto: Arquivo/Sou Petrópolis

Filha, irmã, esposa e mãe, a dra Juliana também é delegada. Aprovada no concurso aos 26, há sete anos ela vive a rotina com que sonhava desde pequena, quando via o pai, Alexandre Ziehe – hoje corregedor geral da Polícia Civil do Rio – em ação. Ela fala sobre os desafios do dia a dia e do olhar diferenciado de que a mulher dispõe.

“Ser mãe desperta a visão e o carinho de se colocar no lugar de uma mãe que chega na delegacia. A mulher tem um olhar diferenciado de trabalho, de mediação, de acolhimento. É uma empatia com uma vítima de violência doméstica, de estupro, com o sofrimento de uma outra mulher. Aí o tratamento visando a ajuda de quem está do outro lado”.

Onde, por incrível que pareça, é a tranquilidade que rege seus dias, para a dra Juliana é a religião que a ajuda a lidar com as injustiças e dificuldades. “A religião me dá um respaldo para que eu siga em frente com tudo que eu vejo. Ela dá a tranquilidade de saber que a gente faz o que pode na justiça do homem, mas que existe a justiça divina”.

Rotina em que, além de cenas de crime e ameaças, ela também se depara com os desafios de ocupar o cargo que ocupa, sendo mulher. “Enquanto mulheres temos que ser muito mais rígidas para mostrar que estamos fazendo o mesmo que se estivesse qualquer homem ali no lugar. Temos que mostrar muito mais serviço e trabalho para que sejamos respeitadas”.

Filhas, irmãs, esposas, mães, Claudia, Karina, Simone e Juliana são, sobretudo, mulheres. Mulheres que conduzem a segurança de Petrópolis e, principalmente, suas próprias histórias e a da cidade, que pela primeira vez tem quatro lideranças femininas nas forças de segurança pública e cujos próximos capítulos mal podemos esperar para ler.

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