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Queda no número de denúncias de assédio sexual na pandemia pode ser sinal de alerta

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Queda no número de denúncias de assédio sexual na pandemia pode ser sinal de alerta

De janeiro a julho deste ano, Petrópolis registrou uma queda de 34% no número de denúncias de estupro na cidade. E, diferente do bom sinal que pareça à primeira vista, o dado pode servir de alerta à realidade de muitas mulheres durante o isolamento social: período em que estão mais próximas de seus agressores e incapazes de denunciar.

Segundo a dra Juliana Ziehe, delegada-titular da 105ª Delegacia de Polícia, 70% dos crimes de estupro acontecem dentro das casas das vítimas. “Será que o número de casos efetivamente caiu ou as mulheres não estavam saindo de casa para fazer o registro de ocorrência? Elas podem não ter saído porque tiveram a saída mais controlada”.

Foto: Serra Drone Imagens Aéreas

Onde na maior parte das vezes a vítima conhece o autor do crime e convive com ele, o temor é de que, justamente, a ‘falsa queda’ no número de registros seja reflexo de um período marcado por episódios de violência que, devido à pandemia, não entraram nas estatísticas oficiais porque a mulher não pôde sair de casa para denunciar.

Tomando com base os dados do ISP, Instituto de Segurança Pública, abril foi o mês com o menor número de casos de assédio denunciados na cidade: quatro. No mesmo mês do ano passado eram 14. De acordo com a psicóloga Taísa Chehab, o medo da denúncia – que ainda permeia a realidade de muitas mulheres – é maior na pandemia.

“No contexto pandêmico questões relacionadas à denuncia contra o agressor se tornam ainda mais complicadas. As vítimas, muitas vezes convivendo com o agressor, acabam por se fragilizar ainda mais nessa atual circunstância. Desenvolvem quadros de depressão, ansiedade e grande confusão mental em relação à própria realidade”.

Para a psicóloga, publicizar o tema dá mais voz e atenção a quem, sob o olhar da sociedade, costuma estar ofuscado. “Quanto mais falarmos sobre isso, mais voz e atenção iremos dar para aquelas que, muitas das vezes, sofrem caladas e sozinhas dentro das próprias casas”.

Pensamento compartilhado pela dra Juliana, que diz que o primeiro passo para combater os casos de agressão à mulher é mudar a mentalidade da sociedade e das famílias. “É uma mentalidade que depende da base. Para mudar, não é o judiciário, não é o legislativo, não é a polícia. É a base da educação, da família. É entender que o não é não”.

Fui vítima de abuso sexual. Onde vou?

A mulher deverá se dirigir à Delegacia de Polícia mais próxima. Lá, ela poderá pedir para ser atendida numa sala reservada e, preferencialmente, por uma mulher. É importante que a vítima evite lavar suas partes íntimas, uma vez que ela será encaminhada ao IML e deverá passar por exame de corpo de delito para a coleta de vestígios do crime.

Importante: nas primeiras 72 horas, ainda há vestígios de espermatozoides na vagina. Quanto mais cedo o exame for realizado, maiores as chances de serem encontrados vestígios. Outra orientação é levar a calcinha, as roupas usadas no momento do crime e o que mais a mulher julgar necessário para ajudar a criminalizar o agressor.

Canais de denúncia

Petrópolis dispõe hoje de alguns canais para que seja feita a denúncia de casos de abuso sexual na cidade. São eles:

– O Chat de Atendimento ao Cidadão da Polícia Civil: (21) 2334-8823 / (21) 2334-8835;

– A 106ª Delegacia de Polícia: (24) 2222-7094 / (24) 98816-3939;

– A 105ª Delegacia de Polícia: (24) 2291-0816 / (24) 99250-0697;

– IML de Petrópolis: (24) 2221-6892;

– Disque 100 ou 180.

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