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Chef Lydia Gonzalez representa Petrópolis no programa ‘Mestre do Sabor’

Entretenimento

Chef Lydia Gonzalez representa Petrópolis no programa ‘Mestre do Sabor’

Formada em gastronomia há 18 anos, a petropolitana vem mostrando talento no reality de culinária.

Acompanhar talentos petropolitanos abrilhantando realitys da televisão já virou uma tradição. E não é só na música. Dessa vez, a cidade está sendo (muito bem) representada no campo gastronômico, pela chef Lydia Gonzalez, no programa “Mestre do Sabor” da Rede Globo.

A chef, formada em gastronomia há 18 anos, passou na fase classificatória do programa e conquistou uma vaga no time do Léo Paixão, após diversos elogios ao preparar um crudo de pescado com granité de cajá como prato de apresentação.

Crédito: Gshow/ Samuel Kobayashi

Em entrevista exclusiva à Sou Petrópolis, Lydia contou como está sendo sua experiência no programa, a rotina de trabalho no Angá – seu Ateliê Culinário em Petrópolis – e ainda deu dicas aos petropolitanos que sonham em se tornarem grandes chefs da gastronomia.

1. Há quantos anos você é chef de cozinha?

Trabalho profissionalmente com gastronomia a 18 anos. Desde os 17. Quando saí da cidade para minha formação. Na época Petrópolis não tinha nenhum tipo de curso ou formação.

2. Você sempre gostou de cozinhar?

Sim. Cozinho desde muito pequena. Minha avó era cozinheira e cresci ao redor dela. Sempre ajudei e na adolescência já fazia muitos pratos cozinhando com os amigos ou família.

3. Como surgiu o amor pela cozinha?

Tenho 3 versões pra falar sobre isso. Não consigo dizer qual é delas me levou efetivamente a cozinha profissional. Creio que um misto das 3, mais provavelmente. Cada uma delas fala um pouco de mim. A primeira delas era a relação com a minha avó. Ela ficava com a gente enquanto meus pais trabalhavam, e pra viver fazia com as amigas bolos, doces e salgadinhos de festa. A cozinha dela tinha sempre agito, amigas conversando, quitutes deliciosos e muita vida. Cresci por ali e creio que a paixão dela pela cozinha simples, sempre fresca e bem feita, me alimenta de muita paixão até hoje.  A segunda inspiração, que influencia muito nas minhas escolhas como cozinheira, vem da minha adolescência. Em minha fase hippie, andei muito pelo litoral caiçara, fiz amigos pescadores e conheci de perto um pouco da nossa cultura culinária. Conheci o conceito de respeito ao produto, da forma mais orgânica possível, desde a sua extração (pesca ou plantio) até a forma de cozinhar, e comer compartilhando. E creio que por esse momento da vida, pratico hoje essa cozinha de produto, com ênfase na cultura culinária brasileira. E por último e não menos importante foi a que o programa contou. Minha relação com meu pai. Ele reclamava muito da cozinha do dia a dia. Durante as refeições nada o satisfazia. E isso tinha muito a ver com a sua história e suas questões de afeto na infância, era muito mais do que paladar. Creio que de alguma forma minha vontade de cozinhar bem, de saber fazer bem feito, tinha algo a ver com isso. Uma necessidade como filha de agradá-lo, talvez até um certo “complexo de Eletra”. E isso é o que está mais no fundo da questão.

Foto Arquivo Pessoal

4. Você disse no Mestre do Sabor que o seu pai tem grande importância em quem é a Lydia hoje. Por quê?

Em primeiro de lugar ele é meu pai, me criou e educou como sou. E junto da minha mãe e avó, me deram valores dos quais me orgulho como pessoa e profissional. Sobretudo o respeito. Se eu tiver que falar sobre um, escolho falar do respeito. No caso do trabalho, levo ele a cada dia comigo. Para minhas relações com a equipe, com os fornecedores, com cada elo dessa corrente. Na ética com os clientes. Nas relações em geral. Depois ele me fez ter certeza de que eu era capaz. Dia após dia, na hora do cansaço e do desânimo, ele nunca me deixou desistir. Nunca me deixou duvidar da minha capacidade. Sempre me encorajou a encarar de frente os desafios que não eram pequenos. Na época que entrei nas cozinhas o ambiente era bem menos amigável com as mulheres do que é hoje em dia. Ele me dava a certeza, em cada conselho, em cada conversa, de que eu era tão capaz e tão forte quanto qualquer um dos que me desafiava. Me fazendo assim vencer etapa por etapa do caminho. Por isso, e por outros motivos óbvios, é impossível não me emocionar ao falar dele.

5. Qual o seu tipo preferido de culinária?

A boa! (risos) De verdade creio que todas as comidas podem ser boas. Sem distinção. E ao longo da vida nunca consegui falar qual é o meu prato preferido. Creio que cada comida tem seu momento. E por isso é tão lindo. Mas profissionalmente falando, acredito em uma cozinha simples, feita de produtos de qualidade, que respeite e valorize suas características principais. Chamamos no universo da gastronomia de “cozinha de produto” mesmo

6. Como foi a sua formação? Você chegou a sair do Brasil?

Me formei em gastronômica no primeiro curso de gastronomia do estado do Rio. Cursei também alguns ciclos da formação de sommelier pela a ABS. E em seguida fiz muitos estágios e alguns trabalhos como chefe em restaurantes de culinárias diversas. De japonesa e tailandesa a paraense, capixaba, italiana. Fui chefe de hotel e fiz consultorias. Em 2009, fui pra Espanha e lá passei por três restaurantes estrelados. Um de cozinha japonesa fusion, Kabuk Madri. Outro de cozinha clássica, El Celler de Can Fabes com Santi Santa Maria e finalmente no El Celler de Can Roca, na época com o título de número um do mundo.

Foto Arquivo Pessoal

7. Quando você decidiu abrir o Angá, aqui em Nogueira? Qual a proposta desse ateliê culinário?

Durante a semana funcionamos com aulas de cozinha. E nos fins de semana atendemos para menus sempre em constante mudança, sob reserva e um número limitado de clientes. O Angá nasceu com a chegada da minha primeira filha. Decidimos voltar a nossa cidade natal para viver este momento perto da família. E depois de 16 anos fora da cidade, esse retorno foi muito feliz. Decidimos então fincar raízes e foi assim que nasceu o Angá. A proposta do espaço é realizar uma cozinha artesanal, baseada em produtos frescos que conte a minha história e partilhar com os comensais esses prazeres que a gastronomia proporciona.  No caso das aulas, a ideia é mesmo dividir conhecimento, acreditando que a paixão pela cozinha, transforma vidas.

Angá, o ateliê gastronômico de Lydia em Nogueira (Foto Arquivo Pessoal)

8. Você disse no Mestre do Sabor estar sempre cozinhado com seus filhos por perto. Você acha que esse afeto é transmitido para a comida?

O que eu queria dizer ali é que eu optei por sair do ambiente da cozinha profissional e trazer meu trabalho para casa pra ter a chance de maternar e seguir cozinhando. Durante boa parte do processo eles estão por perto, o que me nutre sempre. Estou certa de que essa opção se reflete na comida por me permitir estar inteira no que faço dia após dia.

9. O que você espera aprender e vivenciar no Mestre do Sabor?

Creio que o maior aprendizado de todos vai ser a troca com tantos profissionais competentes. É gente do Brasil inteiro, com muitos saberes e sabores complementares em uma vivência intensa e muito representativa na história da transmissão culinária brasileira. O programa representa o início do resultado que nos chefes viemos cultivando a muito tempo. A valorização do produto e da cultura local. Apresentar isso na Rede Globo significa que o povo está entendendo que o que é nosso é bom e tem valor. Além disso, creio que a gente se ver de fora é sempre uma bela oportunidade de evoluir como pessoa também.  É desafiador demais aprender a expor tudo que é seu, inclusive as fraquezas em rede nacional. Por tanto espero muita emoção e muito crescimento, tanto pessoal como profissional.

10. Qual mensagem você mandaria para os jovens petropolitanos que sonham em se tornar chefs de cozinha? Existe espaço em Petrópolis para eles? E o caminho até lá é difícil?

Diria, trabalhem, cozinhem, entrem em uma cozinha de verdade e vivenciem isso antes de realizar essa escolha. E se vocês sentirem que é esse mesmo o seu dom, siga em frente. Não desista nunca. Sempre, em qualquer lugar do mundo tem lugar para a cozinha boa. E pra quem faz com paixão. A cozinha exige paixão, não é fácil, exige que a gente abdique de muitas coisas, do convívio com os amigos e família a um cabelo cheiroso (risos) são muitas coisas das quais abrimos mão. Mas se você ama de verdade, ver alguém apreciando de verdade a sua comida, vai te fazer saber que vale a pena. Então repetindo, cozinhem, estudem, trabalhem duro. E nunca desistam dos seus sonhos Estar hoje no programa é a prova de que quem quer, chega lá. Daqui do meu cantinho, reservado e escondido cheguei a TV Globo com a minha cozinha. Então o espaço existe sim, para todos, com todos os estilos. Basta querer de verdade, com todo o coração.

Como acompanhar o reality:

O programa “Mestre do Sabor” vai ao ar às quintas-feiras, após a reprise da novela “Fina Estampa”, na Rede Globo, e às sextas-feiras às 22h no canal por assinatura GNT. O programa também está disponível na íntegra no serviço de streaming “Globoplay”.

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