Mais de 400 mulheres vítimas de violência já pediram ajuda esse ano no CRAM, em Petrópolis
Segundo dados do Centro de Referência em Atendimento à Mulher (CRAM), mais de 400 atendimentos a vítimas já foram realizados somente até setembro deste ano. Esse número difere do cenário do ano passado, quando 700 mulheres não aceitaram a ajuda do CRAM por medo de denunciar.
Olhando pela perspectiva positiva, esses números apontam a maior confiança e segurança em buscar ajuda. Mas, por outro lado, os registros da violência contra mulheres seguem crescendo em Petrópolis.
Foto Gabriel Haesbaert / NewCo DSM
Em 2018, Petrópolis recebeu pela primeira vez o título de cidade mais segura do estado do Rio de Janeiro (em 2019 o feito se repetiu), mas ao mesmo tempo foram registrados 118 casos de estupros pela Polícia Civil da cidade, sendo que em 42,4% dos casos as vítimas tinham de 0 a 11 anos, de acordo com informações divulgadas pelo Dossiê da Mulher.
Os dados da violência contra a mulher em Petrópolis
Mais de 50% das ocorrências foram dentro da própria casa da vítima.
Ainda segundo o Dossiê da Mulher, 52,7% dos casos registrados no ano de 2018 aconteceu no lar da mulher que sofreu a agressão. O agressor variava de atual companheiro, ex ou até mesmo familiares.
Dos mais de 2.700 delitos registrados pela Polícia Civil, 35,5% são de violência psicológica.
Os crimes de ameaça e injúria foram os que mais tiveram registros realizados, sendo metade deles feitos por mulheres entre 30 e 59 anos.
Em 78% dos 118 casos de estupro que tiveram registro as vítimas eram menores de idade
Na maior parte a vítima apresentava de 0 a 11 anos (42,4%), sendo seguidos por 35,6% representando a faixa etária de 12 a 17 anos.
Foto Ilustrativa
Os números chocam e a naturalidade da violência também. Em agosto deste ano, uma mulher foi gravemente agredida pelo seu, até então, companheiro na Rua Dezesseis de Março, uma das mais movimentadas de Petrópolis. O caso repercutiu em todo o país.
Relembre o caso:
Foi na noite do dia 9 de agosto que câmeras da Dezesseis de Março flagraram Marcelo Bernardo agredindo brutalmente a sua namorada depois de discutirem enquanto andavam pela rua. De acordo com a vítima, a discussão se iniciou pois Marcelo não gostou do fato dela ter passado o dia com a filha. Ele a ofendeu, ela respondeu e logo em seguida ele iniciou a agressão
A mulher, de 49 anos, sofreu lesões graves na cabeça, rosto e braço, além de ter que realizar uma cirurgia por causa de uma lesão ocular, precisando ser internada em seguida. Marcelo foi preso no dia 12 de agosto.
As imagens chocaram e geraram revolta, mas esse cenário de medo e insegurança é a realidade de 22 milhões (37,1%) de brasileiras que assumiram ter passado por algum tipo de assédio no último ano. O dado é de um levantamento do Datafolha de 2019 para avaliar o impacto da violência contra as mulheres em um país que durante anos tratou esse assunto como privado, e Petrópolis não foge deste quadro.
Trazer visibilidade para esse tema e denunciar esse tipo de crime é essencial para que medidas protetivas sejam tomadas e para reduzir os números da violência contra a mulher.
Para denunciar:
Disque Denúncia
Basta ligar para 180. A denúncia pode ser feita de forma anônima para garantir a segurança da pessoa.
Nuam – Núcleo de Atendimento à Mulher
Localizado na 105ª DP – Retiro
24 horas por dia
Cram – Centro de Atendimento à Mulher
O Cram funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, na Rua Santos Dumont, 100 – Centro. É possível entrar em contato pelo telefone (24) 2243-6152 ou, em caso de emergência, pelo número (24) 98839-7387.